GTPCEGDS da Adufs e Diretoria da seção sindical manifestam solidariedade à professora vítima de racismo em Feira de Santana

25/04/2025

O Grupo de Políticas de Classe para as Questões Étnico-raciais, de Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS) da Adufs e a diretoria desta seção sindical vêm a público manifestar solidariedade à professora da Universidade Estadual de Feira de Santana, Renailda Cazumbá, que sofreu racismo no último dia 22 de abril de 2025, dentro de um supermercado, em Feira de Santana. A docente, uma mulher negra, foi submetida a vigilância e constrangimento no interior do estabelecimento para que não consumisse os alimentos da lanchonete antes de efetuar o pagamento.


A explicação dada pelos funcionários foi que a situação se tratava do cumprimento de um procedimento institucional. No entanto, foi observado pela professora que clientes brancos, que estavam no mesmo ambiente, não foram submetidos a tais regras de consumo, o que enfatiza o caráter discriminatório de cunho racial da ação. O supermercado utilizou ainda a justificativa de que os funcionários estavam em treinamento.


A violência racista nos mercados tem sido recorrente e aponta para o caráter complexo do combate ao racismo no Brasil que demanda frentes diversas de enfrentamento. O fato de que os supermercados são amplamente frequentados por pessoas negras, em paralelo à falta de representatividade nos postos de chefia, colabora para o desenvolvimento de políticas excludentes, com disseminação dos estigmas racistas que definem corpos negros como suspeitos e perigosos. Além disso, os padrões de vigilância no interior destes estabelecimentos são os mesmos que se desenvolvem nas ruas, pelos agentes da segurança pública, e submetem pessoas negras a todo tipo de violência. É importante considerar como agravante também a utilização de mão-de-obra terceirizada, logo, precarizada, que tem servido como tentativa de isenção de responsabilidade das empresas que não assumem o compromisso com a capacitação e treinamento adequados para um convívio livre de marcadores raciais discriminatórios.


O Andes-SN historicamente contribui para o combate ao racismo com ações efetivas que vão além do ambiente acadêmico, entendendo que esta é uma articulação contra a exploração, associada ao combate de todas as formas de opressão, numa perspectiva classista. A recorrência de práticas racistas, alimentadas pelo racismo estrutural, amplia a importância de manutenção da luta antirracista na centralidade da pauta do sindicato nacional. A Campanha Sou Docente Antirracista, desenvolvida pelo sindicato, é uma das ações mais recentes que reforçam este compromisso.


À professora Renailda Cazumbá enfatizamos nossa total solidariedade, nos colocando à disposição enquanto aparelhos institucionais para auxiliar na tomada de medidas cabíveis de reparação, bem como manifestamos nosso absoluto repúdio à violência racista sofrida e reiteramos nosso compromisso de seguir fortalecendo as frentes de resistência contra o racismo e demais formas de opressão.

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