Oficina conclui proposta de pesquisa sobre saúde docente

18/04/2016

O projeto político-econômico para a educação pública no Brasil tem aumentado a inserção da lógica do capital no ambiente universitário e imposto ao professor condições de trabalho cada vez mais precarizadas, refletindo negativamente na sua saúde. No intuito de auxiliar o Andes-SN na elaboração de um diagnóstico da realidade brasileira, o GT Seguridade Social/Assuntos de Aposentadoria (GTSSA) organizou a Oficina inter-regional II da pesquisa sobre saúde e adoecimento docente, nos dias 15 e 16 deste mês, na Uefs. Participaram seções sindicais da regional Nordeste III, Norte I e II e o GTSSA da Associação dos professores da Universidade Federal do Paraná (Adufpr).

Grupos de Trabalho e plenária contribuíram com a discussão sobre o ambiente profissional do professor universitário. O debatedor foi Luís Allan Kunzle, vice-presidente da Adufpr e membro do GTSSA local, que socializou a experiência desenvolvida há dois anos e meio na instituição para obter um panorama sobre a saúde dos docentes. Conforme Kunzle, o método de trabalho utilizado foi um questionário com perguntas sobre condições de trabalho. Este questionário foi utilizado como referência nos debates da Oficina inter-regional I, realizada em 2015.

“O projeto político neoliberal para o setor público, incluindo o ensino superior, piorou as condições de trabalho dos docentes principalmente a partir de 2007, com a proposta de expansão das universidades”, disse Kunzle, informando que após a aplicação da pesquisa na Ufpr verificou-se que o adoecimento é causado por vários elementos, como sobrecarga de trabalho, competitividade, meritocracia, submissão a metas de pós-graduação cada vez mais exigentes e introdução de ferramentas de avaliação de desempenho que privilegiam a produtividade de viés quantitativo e burocrático. “Fomos provocados a tomar providências a partir do momento em que muitos trabalhadores adoecidos começaram a procurar o sindicato”, informou o sindicalista, ao ressaltar que as universidades do país não dispõem de mecanismos para mensurar as consequências da intensificação do trabalho na saúde do professor.

Ao final da Oficina inter-regional II foram sistematizadas as propostas discutidas na primeira edição do evento, ano passado, e definidos o referencial teórico, a metodologia, os objetivos e o instrumento da pesquisa a ser adotada pelas seções sindicais. O GTSSA do Andes-SN distribuirá uma cartilha, com o passo a passo da pesquisa, bem como estimulará a aplicação do questionário e a implantação deste GT naquelas unidades onde ainda não existe. A proposta é que o Andes-SN, a partir das experiências das seções sindicais, elabore um diagnóstico referencial para análise e elaboração de um plano de ação em defesa das condições de trabalho dos docentes.

Ainda compuseram a plenária de abertura da Oficina inter-regional as professoras Sônia Meire Azevedo, vice-presidente do Andes-SN, Maria Luiza Domingues, da coordenação nacional do GTSSA, além de Adroaldo Oliveira, diretor da Adufs e membro do GTSSA da Associação.

GTSSA Adufs
Na plenária de abertura, Adroaldo Oliveira disse que a luta política é o principal instrumento para sistematizar um plano de ação que combata, de forma organizada e científica, a precarização do trabalho nas universidades. “Na Bahia, os trabalhadores sofrem constantes ataques do governo, como o corte no adicional de insalubridade, a leviana acusação aos professores que trabalham em regime de dedicação exclusiva (DE) e a demissão dos terceirizados, constantemente prejudicados pelo atraso no pagamento de salários”, informou, acrescentando que o Estado não relaciona o adoecimento docente com o ambiente e/ou as condições de trabalho. O diretor também informou que o GTSSA/Adufs encaminhará uma proposta de criação de um Fórum de Saúde do Trabalhador na Uefs com a participação das três categorias e da administração.

A diretoria da Adufs entende que os grupos de trabalho são espaços importantes de reflexão sobre a realidade. Na Associação, além do GTSSA, funcionam embrionariamente o GT Carreira, mais Classe, Étnico-racial, Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS). Ainda em formação, os GTs de Política Educacional (GTPE) e de Política de Formação Sindical (GTPFS).  

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