Eleições diretas para a reitoria da Uefs iniciaram em 1987

24/03/2015

Nos dias 30, 31 de março e 1º de abril, a Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) realizará a 8ª eleição para reitor e vice, que será disputada pelos candidatos da Chapa Mais Uefs, Evandro do Nascimento Silva e Norma Lúcia de Almeida. Caso eleitos, serão responsáveis pela gestão nos anos 2015-2019. Instituída em 1976, a Uefs realizou sua primeira eleição para representantes da reitoria no ano de 1987. Até então, os cargos eram ocupados por aqueles que recebiam a indicação do governador do Estado.

A professora aposentada do Departamento de Educação da Uefs, Yara Maria Cunha Pires, foi a primeira reitora eleita, tendo como vice o professor do Departamento de História, Erivaldo Fagundes Neves. Três chapas concorreram às eleições de 1987, com uma campanha que teve início no mês de janeiro daquele ano. Participaram centenas de membros da comunidade acadêmica através de assembleias gerais, discussões e debates calorosos, dentro e fora dos espaços oficiais, em um momento histórico no qual o processo eleitoral era algo ainda novo e em construção dentro da universidade.

Quem nos conta os detalhes sobre esse período determinante para a construção da autonomia universitária é o professor do Departamento de História desde 1993, Eurelino Coelho. No ano de 1987, ainda estudante de graduação na Uefs, acompanhou de perto todo processo eleitoral. Segundo Coelho, aquele era um momento histórico reconhecido e evidenciado constantemente pelos docentes. “Vivíamos na repercussão da campanha das diretas, que sacudiram o Brasil em 1984/85, exigindo o fim da ditadura e eleições diretas para presidente. A Uefs tivera somente reitores de confiança dos governadores, quer dizer, do grupo ligado ao chefe Antonio Carlos Magalhães, homem forte da ditadura na Bahia. Reivindicávamos um reitorado de confiança da comunidade universitária e respeito à autonomia da universidade”, afirma Coelho.

Embora as eleições representassem uma virada histórica no contexto vivido pela Uefs e pelo Brasil em um período pós-ditadura, a eleição de Yara Cunha não significava um total desligamento das ideias governistas, segundo o professor. “Yara era uma pessoa respeitada por suas qualidades como professora e também por ter sido perseguida pela ditadura, ou seja, por não ter compactuado com o regime militar. Por outro lado, quando a eleição para reitor aconteceu, o governo da Bahia já estava nas mãos de Waldir Pires, do PMDB, um aliado de Yara. Isso significava que, trocados os sinais, teríamos com ela novamente uma reitoria de confiança do governo, uma reitoria governista”, explica.

Para Coelho, as principais diferenças entre as eleições ocorridas em 1987 e as eleições atuais são o contexto pós-ditadura que exigia medidas enérgicas para o fortalecimento da democracia naquele período, além do fato de que aquela não era uma campanha com chapa única. “Tínhamos, naquele tempo, a ditadura para terminar de liquidar. Lutar por democracia na universidade era parte da luta pela democratização da sociedade. Hoje, os inimigos da democracia, ao menos na aparência, são minoria. Por outro lado, temos uma eleição com chapa única, o que também não contribui para acirrar o debate”, ressalta Coelho.

A campanha para as eleições da gestão 2015-2019 da reitoria da Uefs termina dia 28 de março. O próximo debate acontecerá no dia 26, às 14 horas, no Auditório Central da Uefs.

Mais detalhes sobre o primeiro processo eleitoral para reitor e vice-Reitor da Uefs, a influência do contexto pós-ditatorial e a opinião do professor Eurelino Coelho você pode conferir na íntegra da entrevista.
 

Professor Eurelino Coelho, DCHF

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