Adufs-BA repudia medida do governo José Ronaldo e Pablo Roberto de ampliação da carga horária docente em sala de aula
29/04/2025
A diretoria da Adufs-BA,
por meio do Grupo de Trabalho Política Educacional (GTPE,) vem a público
manifestar solidariedade às professoras e aos professores da Rede Municipal de
Ensino de Feira de Santana que estão em luta contra mais um ataque do governo
municipal à carreira docente. Dessa vez, além das negativas nas discussões da
pauta de reivindicações da categoria, o secretário de educação do município não
hesitou em publicar a Portaria 07/2025 que amplia de 13 para 15 horas-aula a
carga horária de professores em sala de aula com jornada de 20 horas semanais e
de 26 para 30 horas-aula, aos professores com 40 horas semanais.
A alteração representa
um impacto significativo na dinâmica de trabalho das escolas e contribui para a
ampliação da precarização na carreira. Isso porque, o cálculo utilizado para
aumentar a carga horária não leva em consideração o conceito hora-aula que deve
ser realizada em unidades de 45 e/ou 50 minutos para a sua conversão em horas-relógio
(60 minutos). Com isso, não reconhece a especificidade do
trabalho docente, além de desconsiderar outros tipos de atividades de interação
com estudantes que não se restringe ao ensino.
Caso a Portaria seja
efetivada será necessário aumentar a presença diária de professores nas escolas
e, inversamente, redução do tempo reservado para o planejamento das atividades.
O impacto dessa política implica em intensificação e extensificação do trabalho
docente, visto que o tempo em sala de aula demanda maior tempo de planejamento,
o que não está assegurado na Portaria. Os desdobramentos dessa medida ampliam a
precarização das condições de trabalho e dos agravos à saúde docente.
O município tenta
reverter a falta de docentes através de uma medida arbitrária que compromete
ainda mais a carreira docente e a qualidade do ensino, que não pode se resumir
à presença do docente na escola. Uma política comprometida socialmente com as
necessidades de trabalho e estudo, requer uma infraestrutura qualificada,
valorização da carreira, remuneração adequada e tempo para planejamento e
desenvolvimento de atividades que estão muito além do ambiente de sala de aula.
Como forma de enfrentamento à gravidade da situação, a categoria de professores
da Rede Municipal de Ensino de Feira de Santana, em assembleia realizada no último
dia 25 de abril decidiu em dar início ao estado de greve.
O Estado de Greve é uma
legítima resposta da categoria ao processo de sucateamento, ataque aos direitos
e ao descumprimento da lei 11738/2008, que estabelece o Piso Salarial aos
profissionais do magistério e condições dignas de trabalho e planejamento,
expressos em até 2/3 da jornada de trabalho em interação com estudantes e, no
mínimo de 1/3 da carga horária semanal destinada a atividades de planejamento,
correção de atividades avaliativas e tudo que envolve a formação para a
regência de classe, de acordo com estabelecido na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (Lei 9394/1996).
A ação do secretário de
educação, Pablo Roberto, sob a supervisão e anuência do prefeito, José Ronaldo,
é mais um capítulo nefasto da política educacional de Feira de Santana que
parece ter assumido como tradição o ataque aos direitos de professoras e
professores, ao mesmo tempo em que ignora as reais necessidades de estudantes
e, por consequência, de toda a população feirense, ao não colocar no centro do
debate da qualidade da educação a valorização social do magistério municipal.
Em um momento que os
movimentos de luta em defesa da educação pública, a partir da articulação do
ANDES-SN, vêm ampliando as discussões sobre o piso salarial do magistério
superior e a defesa da carreira única, torna-se de fundamental importância a
solidariedade materializada no apoio ao enfrentamento em curso no município de
Feira de Santana. A luta pela defesa de melhores condições de trabalho,
carreira e salários aos professores da Rede Municipal de Feira de Santana passa
pela imediata revogação da Portaria 07/2025.
Feira de Santana, 29 de
abril de 2025.