Nota de Pesar - Sra. Dione Prates Santos
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O papel das
centrais sindicais no fortalecimento da classe trabalhadora: CSP-CONLUTAS em
debate foi o
tema da mesa realizada quinta-feira (13). As debatedoras foram as professoras
Sandra Marinho, lotada na Universidade Federal da Bahia (Ufba), e Márcia Lemos,
da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb). Ambas relataram a
delicadeza do assunto a ser abordado, diante da contribuição política da
Central às lutas das diversas categorias de trabalhadores do país. Emocionada,
a servidora da Uesb ainda parabenizou a diretoria da Adufs por convidar duas
mulheres para dialogar sobre conjuntura, temática geralmente abordada por
homens.
O debate integra a Semana
das Professoras e dos Professores, organizada pela diretoria da Adufs para
marcar o Dia 15 de Outubro, quando em todo o país se comemora o Dia da (o)
Docente. Sandra Marinho discorreu sobre os fatores que corroboram com a
continuidade do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino
Superior (ANDES-SN) na base dos associados da Central Sindical e Popular
(CSP-CONLUTAS). A professora elencou como um dos elementos mais importantes a
serem considerados, a defesa do princípio da independência de classe, nunca
abandonado pela Central, conforme a docente. Ela ainda informou que a
CSP-CONLUTAS se fez presente em todos os momentos
importantes vividos pelo ANDES-SN, esteve à frente das
principais lutas da classe trabalhadora das zonas urbana e rural, fez campanhas
nacionais para reiterar os demitidos, fortaleceu atividades setoriais nas lutas
contra todas as formas de opressão, esteve
sistematicamente nas reivindicações pelo Fora, Bolsonaro e nas mobilizações dos
servidores públicos contra a PEC 32 e as contrarreformas, além
de coordenar as principais greves e mobilizações operárias do país.
“Torna-se
uma necessidade imperiosa estarmos vinculados a uma Central, no sentido de articular
as reivindicações da categoria docente com a luta mais geral da classe
trabalhadora, dos explorados e demais oprimidos. Isso porque a nossa força se potencia
e se realiza coletivamente e não no isolamento ou por meio da construção de
meios artificiais de luta, sem raízes na luta concreta da classe trabalhadora.
Sabemos que não há organizações de classe infalíveis, porém temos que exercitar
a crítica e autocrítica nesse processo de consolidação. As tarefas são
hercúleas e a luta de classe precisa de muita disposição e têmpera
revolucionárias. Não temos motivos de ordem classistas para levar adiante uma
desfiliação do ANDES-SN da CSP-CONLUTAS, pois ninguém pode acusar a nossa
central de praticar política de conciliação de classes, de ceder a interesses de
empresários e das frações burgueses no Estado, nem de ter se tornado uma caixa
de ressonância de uma burocracia aliada a governos e ao Estado. A CSP CONLUTAS
é uma central que atua no seio do movimento da classe trabalhadora, expresso
nos sindicatos, nos movimentos populares e da juventude, e nas lutas de setores
oprimidos contra o machismo, LGBTQIAP+fobia, xenofobia e racismo, defendendo quilombolas e indígenas, ampliando sua
interlocução com esses sujeitos coletivos, vilipendiados pela perversa lógica
do capital”, justificou Sandra Marinho.
Ao
contrário de Sandra Marinho, a professora Márcia Lemos apresentou os porquês do
rompimento do ANDES-SN com a CSP-CONLUTAS. A docente observou que a Central
nasceu da necessidade de construção de um instrumento capaz de contribuir com a
reorganização da classe trabalhadora no país, inclusive com papel de destaque
na direção desse processo. Também registrou que a CSP-CONLUTAS se apresentava
como uma central sindical e popular a fim de expressar as singularidades das
relações de trabalho estabelecidas a partir da reestruturação produtiva do
capital. Mas, a servidora da Uesb elencou que houve problemas
organizativos, análises equivocadas das conjunturas nacional e internacional,
aparelhamento nas representações e dificuldade de inserção nos setores
estratégicos para a reprodução do capital.
“A central tinha uma proposta avançada e deveria ser uma resposta ao projeto do campo democrático popular, pautado na conciliação de classes e na democracia de cooptação. É fundamental destacar que não é de menor importância os erros de análise de conjuntura, pois nossa prática é mediada pela nossa capacidade de perceber o movimento do real para sobre ele agir. E quando uma Central perde essa condição, ela desarma seus lutadores e lutadoras e deixa de ser o instrumento ao qual se propôs, aglutinador, reorganizador e perspicaz na mediação entre as pautas imediatas e a estratégia de emancipação da nossa classe. A linha política nacionalmente adotada pelas forças que hegemonizam a Central tornou seu projeto de partida inviável, afastou o MTST e reduziu sua capacidade de ação efetiva na luta de classes no Brasil, em especial em momentos de profundo acirramento das contradições capital-trabalho e das disputas, pelo estado, pelas frações da burguesia, a partir do pós-eleição 2015 e do golpe de 2016, que culminou com o impeachment de Dilma Roussef e graves erros de orientação política para sua base”, avalia Márcia Lemos.
Escolha do tema
A escolha do tema
foi motivada pelas posições acaloradas da categoria, ao longo de alguns anos, a
favor da permanência e contra a continuidade do ANDES-SN na Central. Postura
estas que se intensificaram no 40º Congresso do Sindicato Nacional, ocorrido
entre 27 de março e 1º de abril deste ano.
Por conta deste cenário, o ANDES-SN remeteu o debate para discussões com a base ao longo de 2022, com o compromisso de sistematizá-las no 14º Conad Extraordinário, a ser realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Universidade de Brasília (Unb). O tema desta edição do Conad é CSP-CONLUTAS: balanço sobre atuação nos últimos dez anos, sua relevância na luta de classes e a permanência ou desfiliação da Central. Ainda segundo a decisão do Sindicato Nacional, o 41º Congresso do ANDES-SN, que acontecerá na UFAC, Rio Branco (AC), no início de 2023, deverá definir uma posição da categoria.
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