Professores aprovam paralisação e agenda de lutas para forçar o governo a retomar o diálogo

20/05/2022

Convencidos de que a indiferença do governo Rui Costa às diversas reivindicações pelo restabelecimento do diálogo sobre a pauta 2022 desvela sua face autoritária, os professores da Uefs defenderam a intensificação da luta. Em assembleia realizada quinta-feira (19), com a presença de 90 docentes, foi aprovada, por unanimidade, a paralisação das atividades acadêmicas e outras mobilizações. Os professores da Uesc, Uesb e Uneb também irão parar. Como o protesto será realizado de forma conjunta pelos educadores das quatro universidades estaduais, o Fórum das ADs irá definir uma data entre 30 de maio e 3 de junho para a suspensão dos trabalhos, quando também haverá um ato público em Salvador. O dia proposto na reunião deliberativa de quinta (19) para o Fórum é 31 deste mês.

 

Alguns professores ressaltaram que a intensificação das mobilizações pode forçar o governo estadual a mudar de postura, como historicamente revela a luta do movimento docente. Em conformidade com a proposta, a diretoria da Adufs encaminhou ao Fórum das ADs uma agenda de atividades, incluindo outras paralisações e até a perspectiva de indicativo de greve. No dia da paralisação não haverá impeditivo para a realização do Concurso Público para Ingresso na Carreira do Magistério Superior nas Classes de Professor Auxiliar e Assistente, previsto no Edital N° 01/2022. No entanto, com o intuito de evitar o acesso ao campus de professores que não estejam envolvidos na seleção, a categoria aprovou que os departamentos enviem à diretoria da Adufs um documento com os nomes daqueles inseridos neste processo. Na assembleia, alguns docentes fizeram questão de registrar que a categoria endosse a paralisação evitando, inclusive, ministrar aulas online.

 

Os docentes queixaram-se revoltados da constante retirada de direitos, da lentidão na tramitação dos processos para a mudança de regime, promoção e progressão na carreira nas instâncias da Uefs e nas secretarias de governo, do achatamento salarial, do ataque à autonomia universitária e do subfinanciamento das universidades. Alguns também repudiaram a tentativa do governo Rui Costa de fragilizar o movimento docente. “Diversas foram e são as tentativas do governo estadual de enfraquecer o movimento docente. Uma delas quando, vergonhosamente, quis marcar uma reunião somente com duas diretorias das associações docentes; uma proposta que nunca veio nem dos governos carlistas. Outra tentativa foi o incremento de parcelas fixas de R$ 100, R$ 200 ou R$300 sobre os vencimentos básicos. A concessão do reajuste em valores fixos desestrutura os diversos Planos de Cargos, Carreira e Vencimentos (PCCV) e fere o Estatuto do Magistério Superior”, retrucou Gean Santana, diretor da Adufs.

 

Gean Santana ainda alertou para as frágeis justificativas do governo de Rui Costa para não conceder o reajuste à categoria e, assim, colocar a população contra os docentes, através da divulgação de inverdades. “Rui Costa e sua equipe declaram à imprensa que precisam levar em conta as limitações às possibilidades legais para incremento na remuneração geral dos servidores públicos em ano eleitoral. No entanto, conforme a Lei nº 9.504/1997, que estabelece normas para as eleições, é proibido o aumento do salário dos servidores públicos que ultrapasse a recomposição das perdas salariais, no prazo de seis meses antes da eleição, contados a partir do dia 8 de abril. Os gestores também divulgam inverdades ao usar o discurso das restrições impostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) como impeditivo da concessão do reajuste. Informações divulgadas pelo próprio governo apontam que o comprometimento do orçamento do Estado com a folha de pessoal diminuiu de 40,48%, em 2020, para 36,45%, até agosto de 2021, enquanto o limite prudencial definido pela LRF ficou 46,17% e, tendo como limite máximo, 48,6%”, justificou Gean Santana, informando, ainda, que dos 13 governadores que concederam reajuste salarial este ano para uma categoria ou servidores estaduais, o governo da Bahia foi o que aplicou um dos menores aumentos do Brasil, onde há exemplos em que o piso do magistério teve um reajuste de 32% na tabela inteira do subsídio, desde janeiro deste ano. No Estado, o reajuste foi de 4%, mais as parcelas fixas mencionadas anteriormente, após sete anos sem conceder a reposição inflacionária.

 

Semana de lutas

Além da luta contra os ataques do governo baiano, os/as docentes da Uefs integrarão a Semana de Lutas do Setor das Instituições Estaduais e Municipais de Ensino Superior (Iees/Imes) do ANDES-SN. Na pauta, a defesa do orçamento público estatal, com autonomia de gestão financeira, política e pedagógica das universidades; carreiras, com concursos públicos, recomposições salariais; e por melhores condições de trabalho, contra a política de congelamento de progressões, promoções e gratificações e das diferentes estratégias de privatização. 



 











 















Em Feira de Santana, como parte das atividades da Semana de Lutas, a diretoria da Adufs está organizando um ato público para a próxima terça-feira (24), às 7h30, no pórtico da Uefs, com café da manhã e panfletagem. Neste dia (24), as aulas não serão suspensas na Uefs. Também como parte da Semana de Lutas, os diretores da Associação organizaram a mesa sobre o tema: A autonomia e independência dos sindicatos frente à conjuntura das Eleições 2022, marcada para o dia 26 deste mês, às 16h30, no Anfiteatro do Módulo II. Os debatedores da mesa serão a ex-diretora da Adufs, Gracinete Bastos, e Milton Pinheiro, presidente em exercício do Andes-SN e durante algumas gestões diretor da Aduneb. O debate também marcará os 41 anos de lutas e conquistas da Adufs, comemorado no último sábado (14).


A Semana de Lutas do Setor foi definida no 40º Congresso do ANDES-SN, que contou com a participação de docentes da Uefs. A Semana será realizada nacionalmente, de 23 a 27 de maio. 





65º Conad

Na assembleia, a categoria aprovou os suplentes e observadores do 65º Conselho Nacional do ANDES-SN (Conad), além de referendar o nome do diretor Elson Moura para delegado, conforme indicado pelos diretores da Adufs. Como primeira suplente ficou Reinalda Souza e, como segunda, Sarah Rios. Neima Oliveira, Gean Santana, Gracinete Bastos, Acácia Batista e João Diogenes foram eleitos observadores. 

 

O 65º Conad acontecerá de 15 a 17 de julho, na Uesb, em Vitória da Conquista. O tema central é: “Retorno presencial com condições de trabalho e políticas de permanência para fortalecer a luta por Educação Pública e liberdades democráticas”. As contribuições das seções sindicais e sindicalizados enviadas até 5 de junho irão compor o Caderno de Textos do evento. Já os materiais enviados após essa data, e até 30 de junho, integrarão o Anexo ao Caderno.

 

Traslado Salvador X Feira de Santana

A diretoria da Adufs atualizou os presentes à assembleia sobre as discussões envolvendo o transporte oferecido ao conjunto dos servidores da Uefs entre Salvador e Feira de Santana. Também falou da reunião das diretorias da Adufs e do Sintest com os servidores para debater a pauta. A mais recente informação é a reunião dos diretores da Associação e do Sindicato com a Reitoria, marcada para a próxima quarta-feira (25), às 16h, em local a ser definido. O objetivo do encontro é discutir o contrato que estabelece o serviço. O procurador da Uefs, Ailton Cardoso, também estará presente.

 

A reunião foi agendada pela Reitoria após a diretoria da Adufs enviar ofício ao setor, no dia 11 de maio, reforçando a cobrança pela revisão do referido contrato e solicitando esclarecimentos sobre o item 17.10, do Edital N° 01/2022 – Concurso Público para Ingresso na Carreira do Magistério Superior nas Classes de Professor Auxiliar e Assistente. O item desobriga a universidade de arcar com despesas de deslocamento, alimentação e estada do/a docente em exercício, não domiciliado no município sede do campus universitário.

 

Ainda que, no dia 13 deste mês, a Administração da universidade tenha justificado que a redação existente no Edital N° 01/2022 é semelhante ao item 15.11 dos editais nº 01, 02 e 03, publicados em 2018; que o auxílio alimentação é um direito efetivado pela Secretaria da Administração (Saeb), em folha de pagamento, amparada pela Lei nº 6.677 de 26 de Setembro de 1994 e que tenha se comprometido com a garantia da Casa do Professor e o traslado entre Salvador e Feira de Santana, o item 17.10 continua sendo objeto de indagação.

 

A diretoria entende que não faz sentido a Casa do Professor e o traslado entre ambas as cidades serem oficialmente garantidos pela Administração, mas, contraditoriamente, a desobrigação da universidade com estes esteja, assim como aconteceu em 2018, reproduzida em edital publicado este ano. Diante da divergência existente entre o conteúdo do edital e o compromisso oficial da Reitoria, a diretoria da Adufs solicita a retirada do item 17.10 do Edital N° 01/2022, para que o ocorrido em 2018 não se repita.

 

Um outro equívoco neste edital chamou a atenção da diretoria da Adufs e do Núcleo de Estudos Afro-brasileiro e Indígena de Feira de Santana/Uefs (Neabi), que logo se posicionaram: a ausência da reserva de vagas para negras e negros. Alvo de uma recomendação do Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) quanto ao procedimento de aplicação dos percentuais de vagas reservadas a candidatos/as autodeclarados/as negros/as e pessoas com deficiência, as inscrições do concurso foram suspensas para a retificação do edital. Posteriormente, após os ajustes, o edital foi novamente publicado. 

 

Uso de máscara na Uefs

O uso facultativo de máscara de proteção facial diante da retomada das atividades presenciais na Uefs também foi tratado na assembleia de quinta-feira (19). A diretoria ratificou que a pauta foi remetida ao Consepe para que as discussões ocorressem nas demais instâncias internas de forma ampla e democrática, conforme deliberação da assembleia realizada em 19 de abril.

 

Os diretores ainda ressaltaram satisfeitos que o amadurecimento do assunto de forma coletiva foi resultado da luta da categoria.Leia a decisão do Consepe. 

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