População protesta contra atentado do governo Bolsonaro à vida e reforça movimento pelo impeachment

30/05/2021

Centenas de milhares de mortos, quase 20 milhões de famintos, explosão do desemprego e diversos crimes. Seriam dados de uma guerra, mas são o resultado da política ultraliberal, autoritária e genocida do governo federal. Em protesto contra este amargo legado, agravado com o início da pandemia causada pela Covid-19 no Brasil, a população de Feira de Santana voltou às ruas, sábado (29), para o Dia Nacional de Mobilização pelo Fora Bolsonaro e Mourão: “Queremos Vacina, Pão, saúde e educação!”. Mais uma vez, docentes da Uefs compareceram ao ato público realizado no município. Ainda houve manifestação em Salvador, onde diretores da seção sindical também participaram. Ato público ampliou a adesão ao pedido de impeachment.

 

Diretoria da Adufs também compareceu ao protesto realizado em Salvador

Diferentemente dos protestos de rua convocados em apoio a Bolsonaro, na manifestação deste sábado (29), que foi presencial, os organizadores empenharam-se para garantir os devidos cuidados de higiene e a proteção dos participantes, respeitando a saúde, a ciência e todos os protocolos sanitários preconizados pelas autoridades mundiais da saúde para evitar o contágio e a propagação da Covid-19. Além disso, a diretoria da Adufs divulgou cards informativos através das suas redes sociais, na semana do protesto, e, no dia do ato público, distribuiu máscaras de proteção facial NR-5 aos participantes. Representantes de outras entidades disponibilizaram, ainda, álcool gel.

Diretoria da Adufs distribuiu máscaras de proteção facial

Com blusas, faixas, bandeiras e cartazes, jovens, adultos e idosos repudiaram a política do governo Bolsonaro, que aumenta o privilégio dos grandes empresários às custas de uma agenda de privatização, desestatização e desinvestimento de estatais; retira direitos dos trabalhadores; destrói os recursos naturais; sucateia os serviços públicos, como vem acontecendo com o Sistema Único e Saúde (SUS), que oferece assistência médica e gratuita para toda a população, principalmente neste momento de pandemia; além de isentar o Estado da responsabilidade junto à população.

          Governo Bolsonaro é o de maior desconstrução

da política de proteção ambiental

Em suas falas, alguns manifestantes reafirmaram que mesmo com a chegada da Covid-19, Bolsonaro manteve a agenda de maldades, reforçada pelas críticas ao isolamento social, deboche com o número de mortos e com os efeitos devastadores da pandemia, atraso no processo de aquisição e distribuição das vacinas, abertura do comércio em períodos de pico da doença, negacionismo da ciência, retaliação aos governadores e prefeitos que não cumpriram as determinações do governo federal e pelo estímulo ao uso da hidroxicloroquina. Ações essas que empurraram e continuam relegando a população, principalmente aquelas pessoas em situação de vulnerabilidade social, à fome, ao desemprego e à morte.

A população brasileira pede socorro.

Gabriela Paixão, integrante da Unidade Popular, afirma que “a população não pode mais sangrar. É urgente a defesa da retirada desse presidente fascista e genocida do poder. Por isso, a importância de marcar presença neste ato e endossar os demais protestos realizados no país. Desde já, confirmo presença em uma próxima atividade”, disse a militante.

Pauta
O Dia Nacional de Mobilização pelo Fora Bolsonaro e Mourão: “Queremos Vacina, Pão, saúde e educação!” contou com a participação de diversas categorias que, mesmo com lutas específicas, uniram-se para protestar também contra os cortes orçamentários nas instituições públicas de ensino superior; o Projeto de Lei (PL) 5595/20 que objetiva transformar a educação em serviço essencial mesmo durante a pandemia; a Reforma Administrativa, as privatizações e os cortes de verbas no setor público. Os presentes ainda defenderam o impeachment de Bolsonaro, a volta do auxílio emergencial no valor mínimo de R$ 600, a vacinação em massa e gratuita, entre outras reivindicações.

"As reformas não combatem privilégios, como alega o governo Bolsonaro, mas, sim, fortalecem o apadrinhamento. Essas políticas visam a destruição do Estado brasileiro. Não há outra alternativa para a população que não seja por meio da construção da unidade na luta para o enfrentamento dos ataques em curso”, acrescenta Ana Karen de Oliveira Souza, integrante do Conselho Fiscal da Adufs.

Ana Karen de Oliveira ressaltou a importância da construção da unidade na luta

Mesmo diante da gravidade do momento, houve manifestantes que estenderam a indignação com o governo Bolsonaro até às máscaras que usaram, numa tentativa bem humorada de dialogar ainda mais com a população e mostrá-la que é preciso compreender como a política do presidente da República irá prejudicar toda a sociedade. Também foi reforçado que Bolsonaro é o principal responsável pela extensão e agravamento da pandemia. O protesto teve cobertura da imprensa local. Muitos transeuntes e trabalhadores que presenciaram a manifestação declararam apoio e demonstraram insatisfação com o governo.

Repúdio ao presidente Bolsonaro foi estampado no protetor facial em acrílico

Elson Moura, diretor da Adufs, concedeu entrevista à imprensa

Prefeito de Feira de Santana e governador da Bahia
Além de pautas nacionais, o ato também expôs a insatisfação de algumas categorias com o governador Rui Costa e o prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins, que parecem estar alinhados, em maior ou menor medida, com a política genocida de Bolsonaro. Em se tratando do governo do Estado, um decreto assinado por Rui Costa estabelece que as unidades públicas e particulares de ensino podem manter as atividades de forma semipresencial. Para que isso ocorra, é necessário que a taxa de ocupação de leitos de UTI Covid esteja abaixo de 75%, por cinco dias consecutivos. Além disso, as atividades letivas devem ficar condicionadas à ocupação máxima de 50% da capacidade de cada sala de aula. Uma decisão irresponsável e criminosa, diante do registro de 4.060 novos casos de Covid-19 na Bahia, nas últimas 24 horas, e 20.971 óbitos, de acordo com boletim divulgado pela Secretaria Estadual da Saúde (Sesab), na sexta-feira (28).

No caso das universidades estaduais baianas, o estado deve ser de alerta, principalmente porque já existe um histórico do governo Rui Costa de proximidade com a agenda de Bolsonaro. A Reforma da Previdência dos servidores públicos é um exemplo. Agora, a ameaça é o Projeto de Lei (PL) 5595/20, do governo federal. Na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), por exemplo, o Conselho Universitário (Consu) aprovou uma minuta de resolução que autoriza a oferta, no modo presencial, de disciplinas com carga horária prática para o semestre 2021.2. Uma atitude que pode representar um diálogo, não se pode afirmar se por pressão ou não, com o referido PL. O Projeto de Lei proíbe a suspensão de aulas presenciais mesmo durante pandemia. Além da ameaça à vida, o governador Rui Costa traz outros problemas para a educação pública superior: o estrangulamento orçamentário das universidades e os ataques aos direitos trabalhistas dos servidores.

Em Feira de Santana, o prefeito acumula denúncias dos professores da rede municipal. Mesmo com a elevação do número de doentes para 5.030, sendo 227 novos casos somente em 24 horas, segundo o boletim epidemiológico divulgado sexta-feira (28) pela Secretaria Municipal de Saúde, Colbert Martins defende o retorno presencial às aulas e, de maneira irresponsável, declara inverdades à imprensa local na tentativa de colocar a população contra os docentes, que exigem a vacinação de todos como prerrogativa para a retomada das atividades. O gestor também cortou em até 70%, no ano passado, o salário dos servidores durante a pandemia. À época, cada unidade escolar funcionou de forma independente, porque não havia um plano municipal para a continuidade do ano letivo. Ao contrário do que tem sido feito, o que se espera de um chefe do executivo municipal é o compromisso com a vida dos moradores da cidade e com medidas que amenizem os impactos da pandemia.

A diretoria da Adufs, através de matérias amplamente divulgadas, manifesta total apoio aos professores do município, inclusive colocando-se à disposição para a discussão do assunto, como declarado em sessão realizada na Câmara de Vereadores, e se solidariza às vítimas diretas e indiretas da Covid-19. Os diretores, conforme definido em assembleia da categoria, também se colocam à frente da defesa inegociável do retorno das aulas presenciais somente com a vacinação em massa, testagem ampla e acompanhamento das condições sanitárias de trabalho e estudo. Quando o assunto é ensino remoto, a defesa é de que este seja pontual e com a garantia das condições materiais para servidores e estudantes.

Dia Nacional de Mobilização
O ato de sábado (29) foi intitulado como Dia Nacional de Mobilização pelo Fora Bolsonaro e Mourão: “Queremos Vacina, Pão, Saúde e Educação!”, com protestos em todo o país. Em Feira de Santana, houve concentração em frente à Prefeitura Municipal. Depois, os presentes seguiram em caminhada pela avenida Getúlio Vargas, avenida Visconde do Rio Branco, rua Conselheiro Rui Barbosa, avenida Senhor dos Passos e retornaram ao Paço Municipal, onde encerrou-se o ato público.

Manifestação terminou em frente à prefeitura

Movimentos sociais, partidos políticos e entidades, incluindo a diretoria da Adufs, discutiram e organizaram o Dia Nacional. O ato de sábado (29) foi o sétimo já realizado este ano, em Feira de Santana, contra o governo Bolsonaro. Alguns foram simbólicos, com manifestações virtuais, e outros, como o de sábado (29), foi presencial.

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