Reunião Ampliada discute formas de garantir a segurança da comunidade acadêmica sem precipitação de retorno

27/10/2020

Na última quinta (22), docentes da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), em Reunião Ampliada, discutiram sobre o Plano de Retomada de Atividades Presenciais elaborado pela universidade. O Plano, que foi publicado integralmente neste mês de outubro, contou com a participação de mais de 60 representantes de toda a comunidade acadêmica e reúne uma série de informações sobre as condições da UEFS de realizar atividades presenciais ainda durante a pandemia.

A Adufs enfatiza a importância da produção do documento que, inclusive, contou com a participação de membros do Sindicato na sua elaboração. Apesar disso, o movimento docente questiona a forma aligeirada como as discussões estão sendo feitas, pulando etapas importantes para que seja finalizado como um produto determinante para atender às demandas dos docentes e de toda a comunidade acadêmica.

É importante destacar que, o objetivo da produção do Plano de Retomadas das Atividades Presenciais foi reunir condições para se aventar a possibilidade de retomada das atividades caso todas as necessidades sejam atendidas. Nesse sentido, o empenho de todos os envolvidos foi o maior possível tendo em vista que a situação diz respeito a à sobrevivência de pessoas. No entanto, o que se percebe no momento são discussões apressadas, em que não foi disponibilizado tempo suficiente para um aprofundamento das questões entre os departamentos e demais instâncias da universidade.

O professor da UEFS e diretor da Adufs, Haroldo Benatti, destacou o fato de que o próprio Plano, na sua conclusão, enfatiza a importância de ampliação e aprofundamento do debate sobre o momento e condições de retorno das atividades presenciais. O texto diz: “Este documento não constitui condições suficientes para o retorno plenamente seguro das atividades presenciais e não possui meios de prever uma data na qual isto ocorrerá. Diante desta assertiva, fica claro que o retorno deverá ser feito em data e condições a serem acordadas entre a Administração Superior da UEFS e os três segmentos que constituem a comunidade universitária [...]”. Apesar disso, as discussões realizadas até agora nas câmaras instâncias superiores parecem dizer o contrário. A Adufs respeita a legitimidade do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) em deliberar ações na comunidade acadêmica, mas não compactua com qualquer medida que ponha em risco a saúde de docentes, estudantes, técnicos-administrativos e demais funcionários.

A quem interessa aprovar atividades presenciais sem discutir profundamente as formas para tornar essa condição possível, se é que é possível diante dos fatos observados em que o número de infectados pelo Covid 19 voltou a crescer e não há previsão de vacinas ou medicamentos eficazes? Por que, ao invés de se pensar em expor mais pessoas ao contágio desenfreado, não refletimos sobre formas de aprimorar outras modalidades de ensino para que se torne acessível a todos? Podemos falar em retomada, quando na verdade as atividades estão sendo executadas a todo vapor por docentes que têm acumulado uma extensa carga de trabalho de dentro dos seus lares? O Estado vai fazer testagem em massa para garantir um acesso controlado à Universidade? Estes foram alguns dos questionamentos trazidos pelos docentes, o que denota como a discussão do Plano ainda precisa ser aprofundada. 

Outro ponto discutido foi o fato de professores da área de saúde não receberem o adicional de insalubridade mesmo atuando com seus estudantes em locais de linha de frente de combate à Pandemia, o que aponta para a necessidade de não só intensificar o debate nas instâncias interiores, mas também de politizar a questão diante da Administração Central e o Governo do Estado. Os docentes se sentem ultrajados com a forma como está sendo discutido o Plano de Retomada das Atividades Presencias que, agora, mais parece uma execução da retomada. É o que destaca o professor da UEFS e diretor da Adufs, André Uzêda: “Precisamos ficar atentos às armadilhas. Elementos condicionantes tornaram-se plano de ação, não questionamos o cuidado com o que o material foi construído, a nossa crítica é a falta de discussão do conteúdo que foi para o Consepe sem tempo de se retomar uma discussão nos departamentos. A discussão da base é fundamental, é preciso politizar o Plano”, afirmou.

Nesta linha de preocupação, também foi debatida a inclusão no Plano, de aspectos relativos ao ensino remoto e ao ensino híbrido, alguns deles em detalhes, precipitando ainda mais discussões, que com certeza se fazem importantes, embora estejam sendo antecipadas, sem uma avaliação maior do próprio PLE, e também sem que sejam estabelecidos parâmetros mínimos para se pensar o próprio ensino remoto, quanto mais associado com algo denominado como “ensino híbrido” numa cidade em que a pandemia não teve qualquer redução significativa do número de casos de Covid e já apresenta indícios de uma retomada da doença.

O movimento docente não pretende recuar diante desta situação que pode colocar toda a comunidade universitária sob risco de vida. Por isso, foi proposta a realização de uma Assembleia com o objetivo de encaminhar ações que pressionem o governo do Estado e a Administração Central da UEFS pela garantia de cumprimento de todas as condições antes da retomada das atividades presenciais.

Leia Também