Chapa agrega antigos militantes e novos docentes. Grupo contempla a paridade de gênero

23/03/2021

“Uma parte da chapa é formada por colegas que há alguns anos constroem o movimento docente. A outra, por novos companheiros, inclusive advindos de outras universidades estaduais da Bahia, que também quiseram se engajar ou ampliar sua participação no cotidiano da Adufs, desta vez enquanto coordenação, na luta coletiva em defesa da educação pública, dos direitos da categoria e de uma sociedade justa e igualitária”, disse Elson Moura. O docente é candidato à Coordenação Geral da Chapa Adufs - Autônoma e Democrática, única inscrita para o processo eleitoral à diretoria da seção sindical, biênio 2021-2023.

Um novo nome na chapa é o do professor João Diogenes, que já lecionou na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), onde participou ativamente das atividades da seção sindical. Segundo o docente, a decisão de compor a diretoria se deu pela identificação que teve com o grupo, pois seus componentes estão à frente da luta em defesa da universidade pública, dos direitos trabalhistas e de uma sociedade igualitária, sem diferenças entre religião, gênero, raça e orientação sexual. Apesar de novo na Adufs, João Diogenes demonstra preocupação com o atual contexto político-econômico, social e sanitário do país e com o que está por vir.

“Diante da nossa conjuntura, este grupo, juntamente com as outras associações docentes das universidades estaduais baianas, o ANDES-SN e a CSP-CONLUTAS, terão grandes embates a serem travados. Além de reforçar a luta pela universidade pública, por uma sociedade mais justa e pelos direitos conquistados, sobretudo pelo que determina nosso Estatuto do Magistério Superior, tem a luta diária contra o sexismo, a misoginia, o racismo, a LGBTfobia e outras formas de opressão. Também acredito ser importante aproximar ainda mais a Adufs dos movimentos sociais locais, pois esse diálogo com os movimentos é essencial para o nosso aprendizado. De alguma forma, novos integrantes oxigenam a luta”, comentou o docente.

Paridade de gênero
Jacqueline Nunes Araújo, que concorre à suplência do Conselho Fiscal, é uma das candidatas que, pela primeira vez, se dispõe a compor a Diretoria. A professora pontua que, diante do recrudescimento dos ataques aos direitos dos trabalhadores e ao serviço público nos âmbitos nacional, estadual e municipal, é necessário somar forças na coordenação da Adufs para o enfrentamento aos governos. A docente é uma das oito mulheres dos 15 integrantes da chapa.

“A contribuição da base é importantíssima à luta mas, desta vez, dispus a me candidatar ao cargo de conselheira porque entendo que é preciso participar da composição do sindicato, quer seja endossando as grandiosas contribuições dadas até então, quer seja através do acréscimo de novos elementos de renovação da luta. Nossos direitos têm sido vilipendiados, o orçamento das universidades está cada vez mais estrangulado e desde 2015 amargamos grandes perdas salariais. Com a aprovação do ensino remoto, enfrentamos mais uma forma de precarização do trabalho, com carga horária extenuante, mistura da atividade laboral com o ambiente doméstico e inclusão de novas despesas ao orçamento familiar, já que precisamos garantir o andamento das atividades acadêmicas. Esses ataques só não são maiores porque encontram resistência do movimento docente, que com sua força consegue pressionar o governo a receber a categoria e discutir a pauta”, disse Jacqueline Nunes Araújo, filiada à Adufs desde dezembro de 2010, quando passou a fazer parte do quadro de professores da Uefs. “Também defendo a retomada dos Grupos de Trabalho (GTs) e a continuidade da interlocução com o ANDES-SN”, enfatiza a docente, que também pretende compartilhar a experiência vivida por alguns mandatos à frente da vice-presidência da Adusb.

Acácia Batista Dias, candidata ao cargo de suplência da Coordenação Geral, relata com grande satisfação o fator paridade de gênero para a composição do grupo. “Temos uma boa representatividade feminina na chapa. Historicamente, as mulheres foram mantidas nos espaços privados, ocupadas com as tarefas domésticas e cuidado com os filhos. Atualmente, embora se façam presentes em diferentes espaços, nas instâncias de poder a participação delas ainda é muito tímida. A gente comemora as conquistas, mas é preciso aumentar o engajamento nas lutas e não permitir que nossos direitos sejam retirados”, registrou.

Preocupada com o atual contexto do país, a docente alerta que a pandemia impôs a permanência da mulher por mais tempo no ambiente doméstico, realidade que aumenta a sobrecarga de trabalho, interfere na realização das atividades profissionais e, em muitas situações, também contribui para o acirramento de conflitos. “O ano de 2020 registrou uma queda no volume de publicação das mulheres, indicando assim que a pandemia impactou na produção científica feminina. As mulheres com filhos enfrentam uma situação ainda mais grave, pois não contam com equipamentos sociais que dão suporte ao cuidado com as crianças, como creche e escola. Outra grande dificuldade enfrentada pela mulher com a Covid-19 é o aumento no número de casos de violência doméstica, que também se estendeu à criança. A gestão do atual presidente é marcada por retrocessos e práticas misóginas e machistas”, relatou Acácia Batista Dias. Há 24 anos lecionando na Uefs, a docente compôs o Conselho Fiscal da Adufs nos anos 2000.

A composição da Chapa Adufs - Autônoma e Democrática segue uma recomendação do ANDES-SN, que em seu 38º Congresso, realizado em 2018, definiu que a composição dos cargos da presidência, secretaria e tesouraria deve conter a participação de, no mínimo, seis mulheres. A decisão também foi recomendada às associações docentes. “Por uma opção eminentemente política, fizemos questão de aderir à sugestão”, frisou Elson Moura.

Plano de gestão
No plano nacional, a Chapa Adufs - Autônoma e Democrática descreve que a perspectiva é de aumento da precarização dos serviços públicos, criminalização da pobreza, desqualificação da ciência, perseguição à autonomia das universidades e fortalecimento da violência estatal e paraestatal. Na Bahia, apesar de condições diferentes de governabilidade, não existe um contraponto em relação às políticas praticadas pelo governo federal em relação ao funcionalismo público e às universidades públicas.

Refletindo sobre este cenário, a Chapa apresenta propostas de pauta para a luta em defesa do salário, direitos trabalhistas e das universidades estaduais, com destaque para a organização do enfrentamento em prol da pauta de reivindicação protocolada junto à Governadoria. No documento, ainda consta a proposta para a pauta interna e participação social e uma pauta geral que estende o alcance das lutas da Adufs para toda a classe trabalhadora, enfatizando a relação com a Adufs, o Andes-SN e a CSP-Conlutas em debates e enfrentamentos que reforçam não só as reivindicações da categoria, mas também ultrapassa as pautas internas, pois promove debates sobre outros temas importantes, a exemplo do assédio moral e sexual, LGBTfobia, machismo e racismo.

A votação para a diretoria da Adufs começa nesta quarta-feira (24) e segue até a próxima sexta-feira (26). O resultado da apuração sairá até o dia 27 deste mês. A posse ocorrerá após a divulgação dos resultados, em assembleia convocada especificamente para este fim.

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