Início do semestre letivo retoma discussão sobre a qualidade do Ensino Remoto e riscos das atividades presenciais na UEFS

16/02/2021

Nesta segunda-feira (15) teve início o semestre letivo 2020.1 na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs). Em meio à pandemia, as atividades serão realizadas, em sua maioria, no formato não presencial, através do ensino remoto. Já as atividades práticas de ensino estão planejadas para ser realizadas de forma presencial, a partir de uma avaliação do contexto epidemiológico em Feira de Santana.

Desde o início da pandemia, a diretoria da Adufs enfatizou sua posição contrária à retomada das atividades de forma presencial sem a vacinação. A elaboração do Plano de Retomada das Atividades Presenciais, que teve a participação do sindicato, trouxe consigo uma série de exigências que condicionavam a volta das atividades presenciais somente com o cumprimento das exigências físicas e sanitárias indispensáveis para garantia mínima de segurança. O alto número de casos de contaminação e mortes, principalmente para pessoas com mais de 50 anos e com comorbidades, apontam para um quadro temerário de maior risco diante das aglomerações e a falta de condições sanitárias.

Sem vacinação qualquer retomada de atividades de ensino se coloca como risco iminente não somente à vida dos professores e professoras, mas de toda a comunidade interna e externa, já que a volta das atividades incide em aumento de circulação nas ruas, em transportes públicos e na formação de aglomerações dentro das instituições, todos fatores que facilitam a transmissão fora e dentro dos lares.
É preciso desconstruir, apesar disso, a falácia de que docentes não estão trabalhando durante a pandemia. As atividades remotas, embora não alcancem o quadro ideal de qualidade, exigem dos profissionais da educação competências múltiplas, principalmente, em relação às tecnologias empregadas que promovem um aumento considerável do tempo dedicado ao aprendizado.

Embora seja a única alternativa que se apresente viável, a realização de trabalho remoto não é a condição ideal para os docentes. Pesquisa realizada pelo Núcleo de Epidemiologia da Uefs (Nepi), em parceria com a Adufs, aponta para o aumento do adoecimento docente durante a pandemia em decorrência do acúmulo de funções com as atividades desenvolvidas em casa que levam à uma sobrecarga de trabalho. O comprometimento da saúde mental é uma das principais consequências do ensino remoto, mas é preciso evidenciar que o aumento dos custos é também um fator que tem comprometido a vida financeira de muitos profissionais, além da necessidade de adaptação às novas ferramentas tecnológicas que não faziam necessariamente parte da rotina de trabalho dos profissionais.

Em live realizada pela Adufs, em dezembro passado, a professora da Uefs, Tânia Araújo, que é coordenadora do Nepi, chamou atenção para a possibilidade de agravamento do adoecimento dos docentes à medida que o tempo reservado para descanso e lazer fica comprometido com atividades profissionais, na dinâmica de home office que se mistura com as demais demandas dos lares.

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