Protestos de torcidas de futebol ampliam pressão contra o governo Bolsonaro

09/06/2020

Dos estádios de futebol para as ruas. Há três semanas, integrantes de torcidas organizadas vêm protagonizando protestos em algumas cidades do país. A mobilização tem sido motivada pelos atos públicos de apoiadores de Jair Bolsonaro a favor de uma intervenção militar e do Ato Institucional (AI) 5. Os coletivos de futebol apresentam várias pautas, como a defesa da democracia, a luta contra o fascismo e a ditadura, assim como a defesa da vida dos negros.

A pressão nas ruas contra o presidente da República aumentou depois dos atos de torcidas. Manifestações foram realizadas no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte, São Paulo e Salvador. Em Porto Alegre, manifestações desse tipo têm acontecido há algumas semanas. Em diversas outras cidades brasileiras, diferentes segmentos da sociedade aderiram à luta reforçando a convocação da mobilização contra Jair Bolsonaro para o último domingo (7). Em Feira de Santana, no próximo dia 13 será realizado um protesto às 9h, no Centro de Abastecimento do município.

Nos protestos realizados no país ao longo das últimas semanas, a presença da polícia tem sido uma constante. Como de praxe, as forças policiais do Estado têm agido com violência e repressão.

Desrespeito à vida
É constante a presença de Jair Bolsonaro nas manifestações fascistas realizadas na capital federal em apoio ao seu governo. As faixas dessas mobilizações trazem críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), que conduz um inquérito sobre fake news que chegou a vários políticos, ativistas e empresários ligados ao bolsonarismo, além de ataques ao Congresso e pedidos de intervenção militar.

Na maior parte desses atos, o presidente deixa claro seu total desrespeito à vida da população, pois participa deles, sem máscara – em meio à pandemia do Coronavírus. Na ocasião, cumprimenta manifestantes com apertos de mão. Pior! Em uma das manifestações, usou o helicóptero do governo, ou seja, estrutura financiada com dinheiro pago pela população, para sobrevoar a área.

Cobrado e criticado pelas autoridades de saúde sobre a negligência para com as medidas a serem adotadas durante a pandemia, Bolsonaro menospreza o poder letal da doença e diz tratar-se de “uma gripezinha”. Concomitantemente, descredibiliza as medidas de prevenção adotadas por governadores e prefeitos para minimizar os impactos da Covid-19 à população e debocha dos brasileiros quando questionado pela imprensa sobre as ações do governo diante do crescimento numérico de mortos no país.

Para a diretoria da Adufs, o governo, por diversas vezes, demonstrou desprezo pela vida dos mais pobres, indígenas, negros, quilombolas, mulheres e idosos. Recusa-se também a implementar, com urgência e com o aporte de recursos necessários, medidas de combate à pandemia. Além disso, estimula e não condena atos, comportamentos e falas antidemocráticas e com caráter autoritário, alguns até com performances nazifascistas e segregacionistas. Neste contexto é que os atos antifascistas e antirracistas se tornam muito importantes e necessários em todo o mundo e, no Brasil, mais ainda. Os apoiadores do governo Bolsonaro não podem intimidar artistas, jornalistas, profisionais de saúde, professores, funcionários públicos, o Congresso, o STF e a própria democracia e esperar o silêncio da maioria da população. Por isso, a sociedade precisa reagir sim e procurar as diversas formas de demonstrar este descontentamento.

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