Para Cacique Babau, o conhecimento é construído através da história oral

16/10/2019

A produção do conhecimento se dá via testemunho dos acontecimentos e sua transmissão ocorre através das gerações. Foi o que defendeu Rosivaldo Ferreira da Silva, mais conhecido como Cacique Babau Tupinambá, palestrante da Aula Magna desta quarta-feira (16), na Uefs. A diretor da Adufs, Jucelho Dantas, compôs a mesa do evento.

Babau disse que “diferentemente do que ocorre na cultura do homem branco, na indígena o conhecimento é descentralizado e transmitido dos mais velhos aos mais novos. Na aldeia indígena, o respeito é mútuo. Estamos em aprendizado constante, sempre respeitando os mais velhos, que dividem o que sabem com todos. Vivemos em aldeias, mas cada uma possui sua independência”.

O indígena ainda ressaltou que a autonomia e a independência das aldeias são essenciais para a sobrevivência da cultura indígena. “Temos de ser autossuficientes. Não somos ligados a governos ou partidos. Temos vida própria. É isso que também nos mantém fortes”, afirmou Babau, condenando os governos federal e estadual pela ausência de políticas públicas para os indígenas e pelo apoio destes ao Agronegócio e à Agricultura Familiar, em detrimento da agricultura coletiva.

Aula Magna abriu o semestre 2019.2

Em sua fala, Jucelho Dantas deu as boas-vindas a todos e destacou que a Aula Magna deste semestre é um marco histórico na vida na Uefs, pois traz à tona a luta dos povos indígenas, que tem sofrido fortes perseguições, principalmente no atual contexto político do país. “Nós, da Adufs, nos solidarizamos com os povos indígenas e fazemos questão de apoiar a luta em defesa desta população. Quem vos fala é um cigano e, neste momento, no qual há um índio à mesa, temos o lugar ideal para abrir espaço aos diferentes grupos humanos”, disse o diretor, informando que integra a etnia Calon e que foi o primeiro cigano baiano a adentrar em uma universidade.

Ao referir-se às políticas públicas do Estado para a educação pública superior, Dantas denunciou que “saímos recentemente de uma greve e enfrentamos um governo truculento, que tratou a categoria com desdém e de forma desrespeitosa. Hoje, estamos em mesa de negociação com o governo, mas ele impõe barreiras que dificultam o avanço dos trabalhos. Os gestores também têm contingenciado a verba de investimento e manutenção destinada às quatro universidades estaduais baianas”, finalizou o docente, convidando a categoria para a assembleia do dia 30 deste, para avaliar a proposta do governo Rui Costa sobre o regime de Dedicação Exclusiva.

Diretor da Adufs solidarizou-se com a luta indígena

O tema da Aula Magna foi “O que a luta dos povos indígenas tem a nos ensinar?”. Antes da palestra com Cacique Babau, houve a apresentação do grupo musical Coisa de Índio, formada por estudantes da Residência Indígena da Uefs e a intervenção poética do movimento Linguativismo, que reúne estudantes e professores do curso de Letras da Uefs.

Ainda compuseram a mesa o reitor Evandro do Nascimento, Rita Suzart, representando o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do 3º Grau da universidade (Sintest), o indígena Ângelo de Oliveira, graduado pela Uefs, mais o superintendente da Coordenação Executiva de Projetos Estratégicos da Secretaria da Educação (SEC), Március Almeida.   

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