Polícia usa violência para impedir professores e estudantes de se protegerem de forte chuva

06/06/2019

Na noite de quarta-feira (5), professores e estudantes das universidades estaduais que estavam acampados em frente à Secretaria da Educação (SEC), em Salvador, foram vítimas da truculência da Polícia Militar (PM) da Bahia. Diante da forte chuva que caiu na capital baiana, docentes e discentes tentaram se proteger se dirigindo ao prédio onde funcionam a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo do Estado da Bahia (SECTI) e a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SEDUR). No entanto, os manifestantes foram impedidos com empurrões pela PM.

Alguns alunos e professores conseguiram entrar no prédio. Os que ficaram na parte externa foram violentamente impedidos. Não foi permitida a entrada de alimentos e de água. Também não houve autorização para acesso aos banheiros do prédio. Os manifestantes urinaram em vasos improvisados dentro do prédio. Para agravar ainda mais a situação, o governo Rui Costa elevou o Comandante de Operações Policiais Militares (COPP), Coronel Humberto Sturaro, à função de mediador da negociação com as categorias. É válido lembrar que estes só se dirigiram ao local porque suas barracas foram alagadas pelo excesso de água da chuva.

Professores e estudantes ficaram na chuva
 

A situação desrespeitosa é um reflexo da forma como o governo Rui Costa vem tratando os professores não apenas neste período grevista, mas ao longo dos últimos anos de sua gestão. O que pode parecer uma simples resposta da PM à tentativa dos professores e alunos acessarem a SECTI e SEDUR, é um grave retrato de como as instituições militares têm autorização do Estado para covardemente aplicar sua força desproporcional em situações desnecessárias.

Rui Costa já teve a chance de mostrar sua veia militar comparando seus policiais com artilheiros na cara do gol no caso do massacre do Cabula, em 2015. Logo, não surpreende que seus homens estejam mais uma vez dispostos a usarem a força e não a lei, colocando em risco a integridade de trabalhadores e estudantes no exercício de seus direitos legais de se manifestarem pacificamente.

Governo Rui Costa elevou Coronel à função de mediador do diálogo
 

PM da Bahia
Segundo dados do Atlas da Violência (2018), a polícia baiana é a terceira que mais mata em todo país em situação de intervenção policial, ficando atrás apenas dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. As principais vítimas da violência são homens negros e jovens.

Em todo país, em 2018, a taxa de homicídios de negros (pretos e pardos) no Brasil foi de 40,2, enquanto a de não negros (brancos, amarelos e indígenas) ficou em 16 por 100 mil habitantes. 

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