Pressão dos professores força o governo a nomear reitor da Uefs

21/05/2019

Na noite de segunda-feira (20), o governador Rui Costa resolveu nomear Evandro do Nascimento e Amali Mussi reitor e vice-reitora da Uefs, respectivamente. A decisão, que deveria ter sido divulgada no Diário Oficial do Estado (DOE) até a última quinta (16), aconteceu tardiamente e após intensa cobrança e denúncia do comando de greve dos professores da universidade.

Em protesto pela vacância dos cargos, os docentes da Uefs, em greve há 42 dias, ocuparam o gabinete da reitoria e transferiram as atividades do comando para aquele local.  A mobilização começou no dia 16 de maio e teve ampla cobertura da imprensa.

Prejuízos da nomeação tardia
O último dia do mandato da gestão anterior venceu no dia 15 de maio. A ausência de Evandro do Nascimento no cargo de reitor da Uefs prejudicou, e muito, a comunidade acadêmica. Ao não nomear o gestor da instituição no período devido, o governo Rui Costa aumentou a lista dos prejuízos da instituição. Haverá atraso no pagamento das bolsas e, até segunda-feira (20), foi impossível realizar os atos de portaria, a exemplo das nomeações em cargos.

Por conta da nomeação tardia do reitor, nesses dias não houve assinatura de contratos e de convênios, o que inclui serviços e compras; os atos referentes a pessoal, como as licenças médica e prêmio e as nomeações em cargos; e nem a emissão de pagamentos bancários, a exemplo do pagamento das bolsas estudantis, de mestrado e de doutorado.

Além da perda acadêmica há, ainda, o prejuízo político. Ao não nomear o reitor eleito pela maioria dos votos dos docentes, discentes e técnico-administrativos da Uefs, o governador ataca a autonomia da universidade e o processo democrático eleitoral.

Por entender que a autonomia universitária deve ser respeitada, o comando de greve dos professores da Uefs decidiu, como forma de protesto, transferir as reuniões do grupo para o gabinete da reitoria. As atividades ocorreram no prédio da administração da universidade do dia 16 de maio até segunda-feira (20). Ainda nesta segunda (20), também como forma de protesto, os docentes realizaram a assembleia no hall da reitoria.

Breve histórico
A posse de Evandro do Nascimento e Amali Mussi, eleitos reitor e reitora da Uefs, respectivamente, estava marcada para o dia 16 de maio. Há pelo menos 16 anos, o Conselho Superior da universidade (Consu) tem a decisão política de enviar ao governo estadual, após o processo eleitoral para a escolha do reitor e do vice, documento informando os nomes dos dois candidatos, um ao cargo de reitor e, o outro, ao cargo de vice, mais votados, para posterior nomeação.

No entanto, este ano, parece que diante da greve dos professores das universidades estaduais baianas e das declarações públicas da comunidade acadêmica que comparam as práticas políticas do governo Rui Costa às ações do governo Jair Bolsonaro, o governo estadual exigiu a lista tríplice com os nomes dos três candidatos mais votados para cada cargo.
 

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