Dia das Mães é dia de luta

11/05/2019

Neste domingo (11), em muitos países comemora-se o Dia das Mães. Antes de esta data ter se tornado essencialmente comercial, a história registra momentos em que o segundo domingo de maio era utilizado para homenagens às mulheres. A data como conhecemos atualmente tem sua origem nos Estados Unidos e era utilizada para as mães chorarem os seus filhos mortos nas guerras. Com a popularização das celebrações, o mercado se apropriou de tal forma que temos hoje no Brasil, a segunda data comemorativa de maior lucratividade no comércio, ficando atrás apenas do Natal.

Apesar do caráter mercadológico, o Dia das Mães é ressignificado e adquire sinônimo de luta. Mesmo com o acúmulo de funções, muitas mulheres têm se dedicado a movimentos na defesa de direitos sociais. Ser mãe e permanecer na resistência são desafios que as mulheres da luta enfrentam cotidianamente em um país desigual, machista e misógino como o Brasil. Segundo a Organização Internacional do Trabalho, as mais afetadas pela desigualdade, no âmbito trabalhista, são as mulheres com filhos menores de seis anos, que sofrem com o que é conhecido como "penalização profissional da maternidade".

Processo que não se resume ao acesso ao mercado de trabalho, se estende à vida profissional limitando o acesso das mulheres a postos de liderança, por exemplo. Segundo dados da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), em 2018, apesar das mulheres baianas chefes de família terem aumentado, cresceu também o número de mulheres desempregadas e na informalidade, o que aumenta as condições de precarização. São muitos motivos para protestar e em muitos segmentos.

Dor e Protesto
Diversas mães têm se mobilizado coletivamente para marcar este período com protestos contra a perda de seus filhos, principalmente, pelas mãos do Estado. Na Bahia, um movimento que se destacou por conta das barbáries da violência estatal foi o Mães do Cabula, criado na luta por justiça contra o Estado após a genocida ação policial que matou doze jovens e deixou 5 feridos na região da Vila Moisés, no Cabula, em Salvador, no dia 06 de fevereiro de 2015.

Com a alegação de ter recebido uma denúncia de roubo a banco, policiais da Rondesp executaram homens negros com fortes indícios de violência policial. Na ocasião, o governador Rui Costa comparou os policiais a artilheiros na cara do gol, evidenciando o caráter genocida da polícia baiana que executa homens como quem disputa um inofensivo jogo de futebol. Oito dos nove agentes envolvidos na ação voltaram ao trabalho nas ruas, apenas um foi afastado das atividades.

Políticas prejudiciais às mulheres
Neste momento de retrocessos nas políticas sociais, os projetos orquestrados pelos governos, estadual e federal, tendem a ampliar ainda mais o fosso da desigualdade entre homens e mulheres. O sucateamento da educação promovido pelo Governo do Estado, com o corte no salário dos professores em greve, não apenas evidencia a crueldade do governo, mas coloca em risco a sobrevivência de famílias, muitas delas chefiadas por mulheres.

Segundo análise do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos (Dieese), as mulheres serão as mais prejudicadas com a possível aprovação da Reforma da Previdência. Uma das principais alterações que as afetaria diretamente é o aumento da idade mínima para aposentadoria, de 60 para 62 anos.

Em respeito às lutadoras, a Adufs apresenta algumas das mães de luta que fazem parte do cotidiano de resistência e enfrentamento em defesa da educação pública e da garantia dos direitos sociais.  

Veja vídeos com depoimentos de algumas delas. 

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