Presentes à mesa defendem a luta em defesa da autonomia universitária

19/03/2019

A Aula Magna de abertura do semestre letivo 2019.1 trouxe ao debate um tema que para os representantes da comunidade acadêmica presentes à mesa custa caro: Autonomia Universitária. O uso do termo caro deve-se à ameaça sofrida pelas instituições públicas de ensino nos âmbitos político e administrativo, em função dos ataques do governo Rui Costa e do avanço das políticas conservadoras, principalmente após a eleição de Jair Bolsonaro à Presidência da República.  

“Sabemos da luta que há décadas travamos por autonomia, por eleição direta para reitor e para os departamentos, por espaços democráticos nos colegiados e nas áreas de departamento da Uefs. Democratizar a universidade fez parte da luta das entidades de classe da universidade. A Adufs teve um papel muito importante nesse processo. Atualmente, enfrentamos um momento muito ruim para a categoria. O governo Rui Costa cerceia o orçamento, impede as promoções e progressões, retira direitos e ataca o Estatuto do Magistério Superior. Neste momento, nossos colegas estão na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) tentando evitar mais uma intervenção sorrateira do governo no Estatuto. A categoria precisa decidir se irá aceitar outros quatro anos de sucateamento e de imposição de um governo que não entende o que é uma universidade pública. Além das intervenções estaduais, também enfrentamos problemas na esfera federal”, pontuou o diretor da Adufs, André Uzêda, destacando a importância de o docente ocupar os espaços de discussão e de decisão da Adufs e de se filiar

Durante a fala, Uzêda ainda informou aos presentes sobre a assembleia da próxima quinta-feira (21) para avaliar o estado de greve, sobre as eleições para a diretoria da Adufs e para reitor. O diretor solicitou ao representante da Secretaria Estadual da Educação (SEC), Marcius de Almeida, presente à mesa da Aula Magna, interlocução com o governador para negociação da pauta 2019. Ao final da fala do diretor da Adufs, alguns dos presentes iniciaram a palavra de ordem A nossa luta é todo dia. Educação não é mercadoria.

Diálogo com a população e cobrança ao governo
O palestrante da Aula Magna, Paulo Gabriel Soledade Nacif, também falou sobre os ataques à autonomia universitária e registrou que a comunidade acadêmica precisa dialogar com a comunidade externa, conscientizando-a sobre a importância das universidades públicas para a sociedade. “Hoje, vivemos um momento em que a autonomia didático-pedagógica, financeira e administrativa corre riscos. É fundamental que a universidade demonstre cada vez mais à sociedade a sua importância e o seu papel para que a gente consiga parcerias na luta em defesa dessas instituições”. Nacif é professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (Ufrb).

“A universidade pública oferece riqueza formativa. Precisamos ter voz ativa diante dos ataques que estão sendo impostos. Estamos chegando a um ponto de insustentabilidade da manutenção das atividades básicas de ensino, extensão e pesquisa. É necessário que revertamos esse quadro orçamentário que está posto na Uefs e nas demais universidades estaduais. Espero que esse novo período na Secretaria da Educação se reverta num período de diálogo e de soluções. Caso contrário, o futuro dessas instituições estará seriamente comprometido”, informou o reitor da Uefs, Evandro do Nascimento.

A Aula Magna ocorreu segunda-feira (18), no Anfiteatro do Módulo II. Ainda compôs a mesa a vice-reitora Norma Lúcia Fernandes e Maria Rita Suzart, representando o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau (Sintest).  

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