Terceirizados da limpeza protestam contra o atraso no pagamento dos salários

22/05/2018

A partir das 5h de segunda-feira (21), os trabalhadores terceirizados que prestam serviço de limpeza à Uefs fizeram uma barreira humana em frente ao pórtico, impedindo o acesso de campus. Paralelamente, foi realizada uma manifestação no local, que contou com o apoio da diretoria da Adufs, dos estudantes e técnico-administrativos. A categoria suspendeu os trabalhos desde o dia 14 deste mês.

Ainda na noite de ontem (21), a administração central da Uefs divulgou uma nota informando que “já comprovou ao Sindicato dos Trabalhadores em Limpeza e Conservação que realizou os procedimentos internos para o pagamento dos trabalhadores”. O documento também relata que “diante disso, de acordo com o Sindicato, nesta terça-feira (22), haverá retorno dos serviços de limpeza à normalidade, o que possibilita a retomada da rotina administrativa e acadêmica no campus universitário normalmente”. No entanto, os terceirizados do setor de limpeza não voltaram a trabalhar. Hoje (22), o acesso ao campus foi permitido somente a pé.

Conforme Adi Ribeiro, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Limpeza Pública, Particular e Terceirizados de Feira de Santana e Região (Sintralp), o retorno aos postos de trabalho só ocorrerá após recebimento de todos os valores em atraso, o que além dos salários, incluem os vales-transporte e alimentação.

Durante o protesto ocorrido na segunda (21), os terceirizados deram espaço para a fala dos presentes. O diretor da Adufs, André Uzêda, solidarizou-se com a categoria, informou que a diretoria está à disposição do movimento e endossou o apoio à luta em defesa das condições de trabalho. “O atraso no pagamento de salários e dos vales dos terceirizados é uma situação rotineira. Precisamos dizer ao governo do Estado que as universidades estaduais baianas não poderão sobreviver, caso este persista com a política de redução de recursos de investimento e manutenção das instituições. A terceirização, uma grande ameaça à classe trabalhadora, já é lei. É necessário unir-nos para, ainda mais fortalecidos, tentar impedir o avanço dos ataques dos governos, que ocorre nas esferas municipal, estadual e federal”, denunciou Uzêda.

O apoio da diretoria da Adufs à luta dos terceirizados por condições de trabalho já foi manifestado em outros momentos. Nos períodos de mobilização, a diretoria comparece aos locais de organização dos terceirizados, solidarizando-se. Também vem denunciando os constantes atrasos nos pagamentos dos salários, publicou moção em apoio à categoria, ano passado, e, em maio de 2017, doou 123 cestas básicas aos funcionários da limpeza.

Diretoria da Adufs solidária ao movimento

Realidade dos terceirizados da limpeza
Vale-transporte referente aos meses de abril e maio, vale-alimentação deste mês, mais o salário do último mês sem serem pagos. O salário de maio vencerá em oito dias. Essa é a realidade dos trabalhadores terceirizados do setor de limpeza da Uefs.

Prestação do financiamento imobiliário sem pagar, contas de água, luz e telefone acumulados, débitos em pequenos comércios dos bairros onde moram e até a falta de alimento para o sustento da família fazem parte de uma triste e constante realidade enfrentada por esses funcionários.

“Quem tem uma situação menos pior tenta ajudar o mais necessitado. Essa semana, quem pôde, trouxe um quilo de alimento de casa para montar uma cesta básica para dois colegas. Têm pessoas aqui que há meses não sabem o que é fazer uma feira no supermercado. A maioria tem vindo trabalhar a pé ou de carona, quando acha, porque também não há como pagar o transporte público”, relatou Antônia Sued Lima, que há treze anos trabalha no setor de limpeza da Uefs. Ainda conforme a funcionária, desde que a empresa prestadora do serviço firmou contrato com a universidade, há um ano e dois meses, o pagamento é feito com atraso.

Antes do protesto no pórtico, na segunda-feira (21), os terceirizados da limpeza passaram a última semana mobilizados em frente ao prédio da Reitoria.

Administração da Uefs
A empresa prestadora do serviço não tem cumprido com as obrigações contratuais – na maioria das vezes, por dificuldades dessa em concluir, com êxito, os trâmites burocráticos que envolvem o processo de pagamento dos funcionários. Como já ocorrido anteriormente, a administração da universidade informou que depositará os valores diretamente na conta bancária dos trabalhadores. A previsão é que os terceirizados recebam os salários e os vales em atraso até a próxima sexta-feira (25).

Em nota, a administração da universidade informou que, usando das prerrogativas legais e administrativas que lhe cabem, irá processar administrativamente a empresa Bella Agenciamento de Mão de Obra Eireli, prestadora do serviço. Anteriormente, os gestores já haviam acionado a Justiça contra a Prosseli, que “penalizada com sansão suspensiva, está impedida de licitar com o Governo do Estado por 15 meses”.

Ainda conforme o documento divulgado pela administração, uma nova empresa está sendo contratada para substituir a Bella. A previsão é que o contrato entre ambas as partes, estabelecido via licitação emergencial, seja firmado a partir de junho. O contrato é válido por 90 dias, prorrogável por igual período. “Paralelamente, um processo licitatório definitivo está em andamento, a fim de termos um contrato futuro que poderá ter vigência de 12 meses, podendo ser aditado por iguais períodos até completar 60 meses”, diz a nota.

Técnico-administrativos
Em assembleia realizada nas proximidades do pórtico da Uefs, na segunda-feira (21), os servidores técnico-administrativos da Uefs aprovaram a suspensão dos trabalhos, a partir de então, até que sejam resolvidos os problemas relacionados às condições insalubres de trabalho na universidade.

“Há ar-condicionado sem manutenção, falta limpeza em diversos espaços da Uefs, tem lixo espalhado nos banheiros e salas de aula sujas, dentre outros problemas”, citou Daiana Alcântara, coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau (Sintest). A assembleia da categoria estava marcada para segunda (21), no Módulo II, mas em respeito à decisão dos terceirizados de impedir o acesso ao campus, a assembleia ocorreu do lado de fora da universidade. 

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