Estudo do Dieese analisa perdas salariais dos docentes

25/04/2018

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) fez um estudo sobre as perdas salariais dos docentes das Universidades Estaduais da Bahia (Ueba), entre novembro de 1990 e dezembro de 2017. Segundo o órgão, o prejuízo imposto pelo governo Rui Costa (PT) já representa a maior perda dos últimos 20 anos.

O Fórum das Associações Docentes das Ueba lança, neste mês, a campanha de mídia com as reivindicações de 2018. Os professores denunciam a situação crítica que os professores e o funcionalismo público baiano enfrentam há três anos sem reajuste salarial, a restrição a outros direitos trabalhistas e a crise financeira nas universidades.

Perdas salariais
O estudo do Dieese foi solicitado pelo Fórum das ADs com o intuito de atualizar as informações para a categoria. Os cálculos revelaram que as perdas salariais em três anos ameaçam as conquistas dos professores.

“Três anos sem reajuste significa muita coisa. No caso da categoria docente, identificamos que as greves conquistaram, no último período, incorporações importantes no salário-base dos professores. Contudo, como a inflação é uma máquina-ritmo, esses três anos de arrocho salarial representam um prejuízo tão grande que já é uma ameaça a essas conquistas do movimento docente.”, explicou Ana Georgina Dias, supervisora técnica do Dieese.

A tabela 1, elaborada pelo Dieese, apresenta as perdas salariais por período. Nela, é visível que a maior perda ocorreu entre o período de 2015 a 2017. O maior ganho salarial real, entre 2011 e 2014, foi resultado da greve de 2011, quando os docentes ocuparam a Assembleia Legislativa da Bahia e forçaram o governador da época a apresentar uma proposta negociável para o movimento.

É importante alertar que a perda real do último período (2015-2017) é maior que a apresentada pela tabela 1. Isso ocorre porque foi levado em consideração o reajuste referente à inflação de 2014, que foi concedido de forma parcelada ao longo de 2015, ao invés de em parcela única no mês de janeiro (data base dos servidores). Segundo o Dieese, por questão metodológica seria incorreto não incluir nos cálculos esses reajustes, apesar de se referirem ao ano de 2014.

Outro cálculo feito pelo Departamento, mais fidedigno ao impacto no salário, é apresentado na Tabela 2. Pelos dados apresentados percebe-se que as perdas salarias no período de 2015 a 2017 são de 17,42%.


Tabela 1: perdas salariais entre dezembro de 1990 e 2017. Fonte: Dieese

Georgina Dias explicou, ainda, que as perdas se multiplicam de um ano para o outro, pois trata-se de uma perda em cima de outra já existente. Dessa maneira, o estudo mostrou que, embora as perdas no período de janeiro de 2015 a dezembro de 2017 tenham sido de 17,42%, para recompô-las é necessário um reajuste de, no mínimo, 21,10%, correspondente à inflação medida pelo IPCA-IBGE no período, como também é possível verificar na tabela 2. A supervisora destacou que essa reposição não é uma vantagem financeira para os servidores públicos, mas uma garantia de que seus salários não serão corroídos pela inflação.



Tabela 2: as perdas salariais e o reajuste necessário. Fonte: Dieese

Leia o estudo completo sobre a evolução das perdas salariais.

O que mais subiu em 2017
As condições de vida dos 270 mil servidores públicos baianos pioram, pois sem o reajuste, o poder de compra é reduzido. Com a inflação acumulada em 2,95%, ano passado, houve aumento no preço de itens essenciais à vida dos brasileiros e importantes na mesa de milhares de famílias. Apenas em 2017, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os alimentos subiram 8,62%, remédios 12,50%, saúde e cuidados pessoais 11,04%.

Desde 2017, o movimento docente tenta dialogar com o governo do Estado. A pauta de reivindicações 2018 tem como uma das suas principais bandeiras de luta a exigência de reposição integral das perdas inflacionárias, 21,1%; defesa dos direitos trabalhistas e das universidades estaduais.

Sérgio Barroso, coordenador do Fórum das ADs, explicou que a campanha de mídia pretende mostrar à população como a política do governo Rui Costa de sucateamento da carreira docente e da educação pública superior está acabando com as universidades estaduais, patrimônio do povo baiano.

“O maior arrocho salarial em 20 anos. Essa será a marca deste governo. A nossa campanha de mídia será mais um passo para conscientizar a sociedade baiana sobre a drástica situação que Rui Costa impõe a nós docentes e ao ensino superior público da Bahia”, demarcou Barroso.

Leia a pauta de reivindicações 2018 na íntegra.

Fonte: Ascom Fórum das ADs, com edição.  

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