Evento debate adoecimento docente

23/10/2017

Os resultados das dissertações de mestrado intituladas “Estresse Ocupacional e transtornos mentais comuns entre professores da Uefs” e “Trabalho intensificado e os transtornos mentais comuns em docentes da Uefs”, dos professores da rede superior privada e psicólogos, Daniel Santos e Caroline Azevedo, respectivamente, foram apresentados na mesa-redonda realizada na última quinta (19), na universidade. A atividade marcou o Dia do Professor, comemorado domingo (15).

Durante a fala, Daniel Santos informou que as modificações sócio-políticas e econômicas do país, principalmente a partir de meados da década de 70, com a crise do sistema capitalista, reconfigurou o trabalho docente na educação superior. Ainda conforme o autor da pesquisa, esse sistema econômico (capitalista) imprimiu à educação uma perspectiva mercantilista e, consequentemente, impôs ao professor a lógica da produtividade. Após dois anos de estudos, os Transtornos Comuns Mentais (TMC) foram identificados na pesquisa como possíveis efeitos dessas alterações no mundo do trabalho.

“Dos 340 docentes da Uefs entrevistados, verificou-se que a prevalência maior de TMC é em homens, que somam 30,2% do universo da pesquisa, com idades entre 47 e 69 anos. Entre 2015 e 2016, foi verificado TMC em 28% da categoria na universidade”, detalhou Daniel Santos.

Já Caroline Azevedo, que entrevistou um universo de 423 docentes, relatou que os TMC estão associados ao trabalho intensificado, o que causa o adoecimento do docente. A pesquisadora afirmou que a reconfiguração produtiva do trabalho nas universidades ampliou a carga horária de trabalho do professor. “Essa reestruturação trouxe uma nova realidade. Hoje, por exemplo, as agências de fomento à pesquisa estimulam a produtividade, um processo que tem adoecido a categoria”, denunciou.

Conforme os docentes, os resultados das pesquisas auxiliarão a categoria a pensar ações que evitem os TMC e desmistifiquem o preconceito que envolve a saúde mental. As ações realizadas no âmbito do Grupo de Trabalho Seguridade Social/ Assuntos de Aposentadoria da Adufs (GTSSA) foram destacadas como fundamentais para o processo de discussão sobre a pauta.

Gracinete Souza, membro do GTSSA da Adufs, que integrou a mesa-redonda, destacou a importância dos trabalhos acadêmicos para o debate sobre o assunto, além de convocar os pesquisadores a auxiliarem o GT na construção da pesquisa sobre saúde e adoecimento docente. A pesquisa foi proposta pelo ANDES-SN com o objetivo de elaborar um diagnóstico sobre a realidade brasileira. Em abril do ano passado, seguindo um encaminhamento do Sindicato Nacional, o GT organizou, na Uefs, a Oficina Inter-Regional II da pesquisa sobre saúde e adoecimento docente.

A mesa-redonda foi realizada pelo GTSSA da Associação, com o apoio da diretoria. 

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