Hoje é Dia Nacional da Visibilidade Lésbica

29/08/2017

29 de agosto é o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. A data foi criada por ativistas neste dia, em 1996, como um marco na luta das brasileiras que, por conta da orientação sexual, têm direitos violados diariamente.

Qelli Rocha, professora da Universidade Federal do Mato Grosso (Ufmt) e coordenadora do Grupo de Estudos sobre identidade de Gênero e Sexualidade da instituição, defende que a data é motivo de luta e de denúncia das violências que são cometidas contra tal grupo social. “O estupro coletivo vem sendo praticado contra as mulheres lésbicas. O Estado não tem tratado o problema como uma questão relacionada ao heterossexismo. Para além disso, há toda uma situação que deixa essas mulheres em situação de vulnerabilidade. Se formos pensar, por exemplo, na estrutura das universidades, como alojamento, falta de iluminação e precariedade do transporte interno, vemos que esses elementos acabam sendo condicionantes para que mulheres lésbicas não permaneçam no ensino superior”, disse, ressaltando que a probabilidade de a violência ocorrer com a mulher negra é ainda maior, porque "essa evidencia o machismo, racismo, o sexismo e a heterossexualidade compulsória".

A docente, que também integra o Grupo de Trabalho de Política de Classe para as Questões Étnico-raciais, de Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS) do ANDES-SN, condena a precariedade das políticas públicas de atendimento à mulher lésbica, nas mais diversas áreas. Segundo ela, quando a vítima necessita de algum atendimento para além da perspectiva da punição do agressor e que inclua o acolhimento e o acompanhamento, não encontra uma estrutura adequada. A precariedade no atendimento também se repete no Sistema Único de Saúde (SUS), onde não há profissionais preparados para lidar com as especificidades das mulheres lésbicas. “Muitas vezes não temos acesso à proteção contra as DSTs e outras doenças. Além disso, as casas de amparo, o CREAS e o CRAS não estão preparados para atender as mulheres vítimas de violência e nem os filhos delas. Não há articulação, sequer, do atendimento em rede”, reclama.

Como forma de fortalecer a luta das mulheres lésbicas, a professora acredita que é de extrema importância inserir temas como a lesbofobia nos espaços de construção de mobilizações, como os sindicatos e as universidades.

Aula Magna Uefs
Qelli Rocha será palestrante da Aula Magna que marcará o início do semestre letivo 2017.2 da Uefs. O tema será “Violência de gênero”. A atividade ocorrerá no dia 12 de setembro, no Anfiteatro do Módulo II, às 9h.

Sindicato Nacional
O ANDES-SN segue em luta para visibilizar as demandas, não apenas da população lésbica, como a de toda a comunidade LGBT, mulheres e negros. Entre as ações estão o I Seminário Integrado do GTPCEGDS do ANDES-SN, realizado entre 24 e 26 deste, em Pelotas (RS); mais a distribuição da cartilha “Em defesa dos direitos das mulheres, dos indígenas, das/os negras/os e das/os LGBT” - elaborada pelo GTPCEGDS e lançada durante o 61º Conad, ano passado.

Outro importante passo dado pelo ANDES-SN na luta contra a lesbofobia, também durante o 61º Conad, foi o de incluir o dia 29 de agosto no calendário de lutas da entidade nacional. 

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